(sobre o trabalho da Leigh McCullough)
A fobia aos afetos é um conceito introduzido pela Leigh McCullough e pela equipa de trabalho dela, no seguimento de se terem apercebido que muitos dos pacientes que nos aparecem em clínica têm muita dificuldade em aceder aos seus afetos/emoções, e parecem muitas vezes evitá-los num registo semelhante a uma fobia. O que muitas vezes acontece é que, ao longo da nossa socialização, algumas das nossas emoções e necessidades centrais não foram acolhidas ou foram mesmo rejeitadas pelos nossos cuidadores. Esta situação cria tensão e desconforto em situações que reativem estas emoções, e naturalmente desenvolvemos defesas para impedir este contacto, mesmo na ausência de um contexto que o justifique. Em terapia, o que a Leigh McCullough faz é identificar o comportamento defensivo, perceber que emoção ou afeto central é que ele está a impedir de vivenciar, que sensações adversas é que contribuíram para este evitamento, e em que contexto é que este evitamento se desenvolveu. Este trabalho é feito com três objetivos: reestruturar as defesas, reestruturar os afetos, e reestruturar a noção de si próprio e dos outros. À semelhança da Diana Fosha, também a Leigh McCullough se preocupa muito em acompanhar o comportamento não verbal dos pacientes, explicitando o que está a ver, de forma a ajudá-los a tomarem consciência e aprofundarem a experiência de si próprios. Tem também muito o cuidado de ajudar os pacientes a compreender e abrir mão das suas defesas, e aproveita a experiência da relação para lhes proporcionar viverem as suas emoções centrais e experimentarem, no espaço terapêutico, aquilo a que não se conseguem expôr lá fora. A conjugação destes aspetos torna o trabalho da Leigh McCullough uma excelente fonte de aprendizagem e reflexão, que vale a pena conhecer.
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AutorasAndreia Santos Um espaço de partilha de reflexões e considerações importantes à prática clínica.
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