![]() Andreia Santos “ A autonomia é o estado de integração em que uma pessoa se encontra em plena concordância com os seus sentimentos e as suas necessidades”
Arno Gruen Quando li esta definição de autonomia, o primeiro impacto foi: aqui está o ponto de partida para uma reflexão diferente sobre aquilo que andamos todos à procura. A principal diferença desta definição para outras, é que esta não contém a noção de afirmação da nossa independência, que está muitas vezes relacionada com a procura de poder (posse de coisas materiais ou de seres). É muito frequente, as pessoas afirmarem: “aquilo que mais quero é ser autónomo!”. Quando se explora o que é esta necessidade, estão quase sempre presentes afirmações como: “ter casa própria, sair da casa dos meus pais”, “ser bem-sucedido e ter um bom emprego”, “não depender de ninguém!”, “fazer o que quero!”. Quando afirmamos que “fazer o que quero” ou que “não queremos depender de ninguém”, será que não estamos a dizer que na realidade, queremos ter e sentir a liberdade para sermos nós próprios!?. Na maior parte das vezes, há uma falsa sensação de liberdade, porque sentimos que temos de provarmos constantemente o nosso valor aos outros (aos pais, aos amigos e colegas). A questão está em que “O esforço por sermos aceites pelo que é esperado sermos e fazermos torna-se um mecanismo para iludirmos a ansiedade interior. À medida que o sermos aprovados se torna o sentido da nossa existência, renunciamos à possibilidade de sermos amados pelo que somos realmente.” (Arno Gruen) No entanto, temos as outras pessoas, as que já “são autónomas” e que, aos olhos delas e dos outros não lhes falta nada; têm o bom emprego, a casa e uma relação e que muitas vezes chegam à terapia com a questão: “Não percebo porque é que me sinto assim, não tenho do que me queixar, tenho tudo o queria!”. Afinal, o que se está a passar com estas pessoas?. Ao que parece, há qualquer coisa que faz falta e que não conseguimos com a nossa independência mas sim com a capacidade de aprenderemos a identificar as nossas necessidades e as nossas motivações. É claro que este processo de adaptação à cultura vigente na nossa sociedade é difícil de combater, até porque somos educados desde muito cedo. Sobretudo, gostaria que cada um, reflectisse o que procura e precisa quando refere que só se sentirá autónomo quando tiver determinada coisa. Para finalizar, deixo o desafio: Afinal, o que é que o faz sentir verdadeiramente livre?
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