![]() Andreia Santos Neste texto gostaria de reflectir sobre o “sentir”, questão que à partida parece simples mas que por vezes se complica bastante. A capacidade para sentir é mais ou menos comum a todos nós, sentimos: calor, frio, o sabor daquela comida deliciosa, o vento a bater na cara, a saudade quando alguém de quem gostamos está longe, a alegria, a angustia, o medo, o prazer … São inúmeras as sensações e emoções que podemos sentir. No entanto, muitas vezes chagamos a um ponto, onde andamos às voltas e surge a questão: “O que é que eu estou a sentir? E esta pergunta repete-se vezes sem conta. Esta questão torna-se um problema, não quando surge mas precisamente quando nos impede de “ver” ou melhor “sentir” aquilo que está lá, e entramos numa espiral de dúvidas e ruminações sobre aquilo que nos preocupa. Podemos pensar sobre o porquê disto acontecer e neste sentido surgem várias hipóteses, diria que uma das primeiras será o facto de que realmente ao longo do nosso crescimento, vamos adquirindo imensos filtros sociais que nos levam a questionar: “Será que devia sentir isto que estou a sentir?”. As crianças, por outro lado, dão mais atenção àquilo que estão a sentir e manifestam precisamente isso. Uma outra hipótese, que vem no seguimento da primeira é o facto de haver uma tendência para a racionalização e/ou intelectualização daquilo que sentimos. Isto é, tendemos a pensar na experiência que tivemos sob vários aspectos, tentamos encaixar em alguma teoria, procuramos todos os significados possíveis e sem dar por isso, saímos da experiência inicial. Por fim, considero que uma terceira hipótese se relaciona com o facto de estarmos muito focados no que se passa ao nosso redor, no exterior, sem dar muita atenção ao que se passa connosco, e quando me refiro a isto, estou-me a referir ao nosso corpo. Muitas vezes, o nosso corpo está a dar sinais (dores de costas, tensão muscular, dores de cabeça) que precisa de descansar ou de ser cuidado de outra forma, mas continuamos como se isso fosse um luxo que o corpo está a pedir. Mas o nosso corpo não nos dá apenas esta informação, também nos dá informação de que estamos bem, porque andamos a cuidar bem dele e de nós. A resposta à questão do título: “Como é que eu posso ter a certeza daquilo que estou a sentir?” não é uma resposta linear, mas pode ajudar, passarmos a escutar mais o nosso corpo. Quando estamos “embrulhados” nesta questão, tentar perceber: Como é que o meu corpo está a reagir a esta situação?, quais as zonas do meu corpo onde estou a sentir?, com que intensidade? É algo novo, é algo que costumo sentir? Agora que vem o bom tempo, que tal fazer um pequeno treino: parar e reparar em situações que o fazem sentir coisas: um pôr-do-sol, crianças a brincar, uma praia, um gelado, o cheiro do creme do protector solar. A ideia é percorrer os cinco sentidos e perceber o que é que aquilo o faz sentir.
0 Comments
![]() Joana Fojo Ferreira Tendo já escrito sobre o Outono, o Inverno e a Primavera, chegamos agora ao Verão, estação de fruição e relaxamento.
Depois da introspecção no Inverno e concretização e renovação na Primavera, chegamos ao momento de fruir do que já conquistámos, parar para desfrutar, gozar os frutos do nosso esforço, das nossas conquistas. Se pensarmos em duas polaridades de necessidades psicológicas importantes, em que temos de um lado a produção e a exploração, e do outro o lazer e a tranquilidade, esta seria a estação para relembrarmos a importância e apostarmos nestas duas últimas necessidades, lazer e tranquilidade. O calor diz-nos “abranda”. A fruta da época diz-nos “saboreia-me”. Vivemos tempos em que tudo parece acontecer muito rápido, e quando fazemos uma conquista já estamos muitas vezes a pensar na próxima. O Verão diz-nos, “não, tem calma, aproveita o que já tens, aproveita o que conseguiste, pára um bocadinho, relaxa”. E aproveite de facto o Verão para relaxar, para dar ao seu corpo e à sua mente um bocadinho de descanso, exagerar nos momentos de prazer e de fruição. Vá à praia. Refresque-se na água do mar. Saboreie calmamente a fruta da época, ou um bom peixe grelhado, uma boa salada. Vá dormir a sesta para o jardim, ouvir um bom concerto de rua. Viaje. Invista no que lhe dá prazer e desfrute. Todos precisamos e merecemos. |
AutorasAndreia Santos Receba cada novo post no seu e-mail subscrevendo a nossa mailing list
|