![]() Andreia Santos Neste texto gostaria de falar dos nossos “Eus”. Em psicologia consideramos três instâncias do Eu: o Eu Real, o Eu Obrigatório e o Eu Ideal.
Genericamente podemos dizer que o Eu Real está relacionado com a forma como nos vemos (o nosso auto-conceito), sobre a qual fazemos avaliações e temos atitudes mais positivas ou negativas perante nós mesmos (auto-estima). O Eu Ideal corresponde às avaliações que fazemos sobre aquilo que desejamos ser ou sentir ou aquilo que gostaríamos de ser. O Eu Obrigatório é aquele que acreditamos que devemos ser, onde está presente um sentimento de obrigação e dever de ser de determinada maneira. Mas para que serve esta distinção? A distinção entre estas três instâncias ou se quisermos a discrepância entre elas, informa-nos sobre a maior ou menor satisfação connosco próprios. Se pensarmos que a forma como eu me vejo (Eu real) é semelhante à forma como eu gostaria de ser (Eu ideal), é mais provável que me sinta mais satisfeita comigo própria. Pelo contrário, se verificar que existe uma discrepância significativa entre o Eu Real e o Eu Ideal, é mais provável o surgimento de determinadas emoções como a frustração, desapontamento, tristeza, que são indicadores de mal-estar. E qual é o papel do Eu Obrigatório? A presença de um “Devias”, é muitas vezes uma barreira à congruência entre o Eu Real e o Eu Ideal. O Eu obrigatório é aprendido desde muito cedo nas nossas vidas e é produto da educação e da cultura, que caracterizou o nosso processo de socialização. Muitas vezes este “Eu Obrigatório” manifesta-se numa voz que diz: ”Tu devias ser assim…, tu não devias sentir aquilo…, devias ter um emprego…, devias relacionar-te com as pessoas…”. É claro, que muitos de nós vão identificar algumas destas vozes, mas o problema está quando ela dirige a maior parte da nossa vida. Relativamente a estas questões, noutro dia dei atenção a uma letra de uma música dos Deolinda, chamada: “Mal por Mal”. Essencialmente duas coisas despertaram a minha atenção: os versos e a sequência. Alguns dos versos: “Já sou quem tu queres que eu seja, Tenho emprego e uma vida normal.” … “Já me enquadro na tua estrutura. Não ofendo a tua moral.” … Sei que esperas que não desiluda, Que por bem siga o teu ideal. Mas não quero seguir ninguém Por mais que me queiras bem. … Sei que me vais virar do avesso Se eu te disser foi em mim que apostei. Não, não é nada que me rale Mesmo que me faças mal. … Apostar em nós, é de certa maneira uma forma de silenciar ou diminuir a intensidade da voz do “devias…” . Mas também sabemos que não é fácil pois esperam (os outros, a sociedade) que não os desiludamos, que sigamos os seus ideais. Pergunte a si mesmo: Como é que eu me descrevo?, Como é que eu deveria ou tenho de ser e o que é que eu gostaria/desejaria ser?
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